quarta-feira, 10 de abril de 2013

Matador de anjos

Matador de anjos








 
“Aqueles que sonham acordados têm consciência de mil coisas que escapam aos que apenas sonham adormecidos.”
Edgar Allan Poe


                        O delegado colocou água no copo e entregou a David, aquilo parecia um gesto de cortesia, mas era mais um sinal de intimidação policial, de poder, coisa que a policia  gosta de fazer. David olhou para o delegado, era alto magro, um porte atlético, talvez cinquenta anos, mas aparentava menos idade, talvez quarenta, terno cinza, gravata preta, elegante e calmo, passaria por um homem bonito se não fosse à cicatriz de queimadura no lado esquerdo da face que havia consumido a sua orelha, no local pele enrugada e um buraco, por onde David achou que poderia ainda ouvir, só de ver aquilo David teve náuseas.
                        David tomou a água, afinal precisava mesmo esfriar, as coisas estavam quentes, sua costela direita ainda doía, bateu no retrovisor na corrida, delegado sentou a sua frente, assim ele parecia distinto e elegante, não dava para ver a queimadura, de lado parecia um monstro, são nossos ângulos, David pensou no seu próprio ângulo bom, seria o perfil direito, alto louro de olhos claros, tinha uma aparência sedutora, definitivamente era o seu perfil esquerdo, pensou David.
                        -Você pode contar tudo do começo David, sem pressa, vidas foram perdidas, precisamos saber todos os detalhes e – o delegado deu uma risada sínica e acrescentou - você há de convir que essa sua narrativa é no mino estranha – disse depois de tomar o seu próprio copo de água.
                        -Não sei se lembro de todos os detalhes, eu disse ao professor que ninguém acreditaria nessa história absurda– disse David.
                        -Está bem – o delegado falava baixo, um homem cordial com uma face difícil de olhar, alguma coisa naquele olhar e naquela queimadura deixava David nervoso – conte o que sabe, pode caprichar nos detalhes, eu gosto de detalhes.
                        David abaixou a cabeça fez um esforço para lembrar, sabia que aquele momento chegaria, ficou em duvida qual seria a verdade a qual se referia o professor. Antes que ele começassem a falar o delegado fez um gesto para David esperar, seu telefone tocou.
                        -Um minuto David – disse o delegado e foi para o canto da sala – quero o nome de todos os estudantes e,Santana, localize o tal professor Martim, ele parece ser a chave desta carnificina. - ele voltou, desligou o telefone e fez um novo gesto com a mão, dessa vez para que David continuasse.
                        'Noite de Lua cheia, estávamos na cantina da universidade no centro biomédico, ciências médicas do curso básico, é um lugar mórbido, fica nos fundos do campus, um conjunto de prédios de construção antiga, com aqueles tijolinhos laranja e telha colonial, por fora um lixo, mas por dentro há melhor tecnologia que uma universidade pode oferecer, os melhores cientista desses pais.
                        Eu, Paulo, Carla e Ana, quatro amigos inseparáveis, começamos a faculdade juntos, passamos por tudo, provas de anatomia, histologia, bioquímica, sempre juntos é mais fácil fazer um grupo de sua própria espécie, que se interessa pela mesma coisa, isso acontece quando somos calouros e perdura por toda a faculdade. 
                        Quem olhasse de longe poderia que éramos namorados ,mas não,apenas dois casais de amigos, apesar do numero par sugerir de pessoas sempre sugerir namorados, por exemplo: Paulo era gay, não era um gay chato militante e nem levantava bandeira homossexual, ficava quieto no canto dele, tinha os seus namorados e sua preferência na hora do sexo, mas no resto era como qualquer um de nós.
                         Ana namorava um industrial, um cara rico, bonito e bacana, uma sorte grande, só que Paulo, mesmo muito discreto me confidenciou que achava que ele era gay, sabe lá um tipo de linguagem corporal entre eles, além de encontrar o cara uma vez em boate especializada.
 A  Carla doida pelo estudo, casa com a ciência, protótipo de uma mulher sem sexo, mesmo sendo  sensual e amante da tatuagens, ficamos juntos no verão passado, ela quis um namoro, mas ninguém consegue namorar uma máquina de estudo, mesmo meio apaixonado, ela me fazia de homem objeto, fazendo sexo quando queria.
                        Falei de todos, tenho que falar de mim, sou atleta, passei na faculdade de medicina por acidente, meu pai queria que eu fosse médico, eu pessoalmente sou um vagabundo, não queria fazer nada na vida.Nem precisava sou o sete filho, antes tive seis irmãs, toda me adoram, são ricas, fiz o vestibular  por fazer, agora que estou e vou em frente, me divirto, saio com as garotas, já escolhi a carreira de cirurgião, mais pratico.A maioria dos meus amigos diz que aprendo fácil, o que irrita meus colegas, minhas notas são as mais altas da turma, mesmo Carla  com a sua dedicação nunca me alcançou.
                        A verdade é que ontem estávamos lá para fazer uma travessura, nisso todos eram iguais, depois de umas cervejas, ficávamos semelhantes ao extremo, jovens irresponsáveis a procura de aventura e sexo. Paulo conseguiu a chave do laboratório 4, não me pergunte como. 
                        O laboratório quatro é o laboratório do Dr. Martim, o mais conceituado cientista da faculdade, PhD em bioquímica, há alguns anos o sonho de todo aluno é ter seu nome em um trabalho do professor.
                        Martim era um cara metódico, fazia raiva a sua pontualidade, todo o dia ele ficava no laboratório até as vinte e duas horas, saia para tomar um café, fumava um cigarro e volta ao laboratório, ficava até a meia noite quando do ia para casa. O homem não tinha mulher nem filhos, um dinossauro dedicado à ciência. Eu nunca seria assim, posso até acreditar que precisamos de homens assim como Dr. Martim, com também o mundo precisa do refrigerante, da cerveja, café e do cigarro, mas nunca dedicaria a minha vida a ciência dessa maneira, para algumas pessoas é uma espécie de religião.
                        Sei que está na moda, curtir a vida e deixar tudo pra lá, a vida é curta, o que Friedrich Wilhelm Nietzsch chamria de espírito niilista safado .Acho isso um saco, como se curtir a vida fosse ficar doidão e ir para festas, nem sempre é fácil assim, as vezes queremos ser importantes, ouvir a verdade, falar a verdade, não é isso?”– o delegado concordou com a cabeça e el continuou – “ E ainda existe a arte, boa musica e, para os que acreditam a religião, mas para algumas pessoas só existe a ciência, muitos cientista não usam mais o pensamento, para eles só existe o método cientifico e pronto, professor Martim usa o método cientifico para viver.
                        Sei que ele fuma e come mais que o normal, o que a geração saúde chamaria de violação de conduta saudável, mas isso são seus pequenos pecados, o que não é nada um homem de tanta disciplina. Sem julgar os outros, principalmente não julgando o professor, a vida não tem uma solução universal, então cada um tenha a sua”                 
                        O delegado interrompeu.
                        -Volte aos fatos, apesar de concordar com o senhor e achar a conversa bem interessante, eu não tenho alternativa a não ser chamar atenção para os fatos, peço que me desculpe, vejo que é uma pessoa inteligente e madura, mas, por gentileza, volte à narrativa dos fatos.
                        “Saindo da filosofia e voltando a narrativa dos fatos levei um monte de cervejas para dentro do campus, estávamos observando o movimento do laboratório quatro da cantina, bebendo e comendo queijo espetado no palito. Olhei para Carla, estava elegante, tomava cerveja e lia o manual de histologia, Paulo estava com um binóculo e Ana falava com alguém pelo seu celular, eu odeio celular, pessoas falam mais com gente que estava longe do que com quem esta perto, o celular na vida de algumas pessoas tem prioridade em relação ao ser humano de carne e osso.
                        Naquele momento eu fazia uma coisa mais interessante, olhava as pernas de Carla, estou sendo sincera, a única coisa para fazer ali naquele momento, além de tomar cerveja e comer aquele queijo de minas era admirar as belas pernas de Carla.
                        As vinte e duas o professor Martim saiu para fumar, posso descreveu como um homem baixo e gordo, tinha cabelos brancos e usava um óculos frouxo que escorregavam ate a ponta do nariz. Está enganado quem acha que ele tem um ar bonachão e que todo gordo é um comediante, que era o professor bonzinho, Professor Martim? Quando professor foi o mais enérgico que aquela universidade já teve, com o maior índice de reprovação até hoje registrado na universidade, nesse instante Carla levantou os olhos do livro e disse.
                        -Chegou o gênio. - disse sarcástica, a mãe de Carla foi médica,  aluna de Martim e admiradora, o professor recusou o seu pedido para inclusão em sua equipe, reprovou a mãe de Carla em uma prova de acesso a equipe, disse que ela era medíocre, isso destruiu a pobre mulher que se jogou do vão principal da ponte, Carla que é filha já tinha perdido  o pai em um acidente de carro  ficou sozinha, criada pela avó, acho delegado que nutria um ódio feroz contra o professor Martim.
                        Análise da maioria é que o professor estava intranquilo.
                        -Acho que ele está mais agitado hoje – disse Ana olhando para o alto – deve ser essa lua cheia, ela me deixa nervosa.
                        Se as mulheres têm sexto sentido, mas Ana tem um sétimo sentido, organizada, aluna mediana, sempre tinha notas confortáveis, única dessa turma com  carro, comprado com suas economias, pai e mão presentes e atuantes na educação, isso ela gostava de dizer, criada com pouco luxo, seu pai foi professor de letras da universidade e a mãe trilhou o difícil caminho da dona de casa, mas tanto Ana como o Irmão Mauro, deram certo na vida, Mauro era o mais jovem promotor do estado e Ana a futura médica da família.Em uma família assim sempre tem um podre, pois é, ninguém é perfeito, seu segredo perverso, sua única mancha era o vicio em maconha.
                        Paulo olhava o movimento do Dr. Martim como se fosse um investigador de policia.
                        -Está suando – ele fez um gesto com a cabeça – pessoas assim estão preocupadas com alguma coisa.
                        Meia noite o professor saiu, eu já tinha bebido demais e comecei a  achar que aquela história tava ficando entediante, olhei novamente para as pernas de Carla, sua tatuagem, um homenagem a mãe, a face da mãe tatuada na perna o símbolo do iron madem nas costas, caveiras por todo o corpo, nua era um quadro pintado a mão, para ser sincero, quase não parecia estar nua, vestida com aquelas tatuagens, nuca a vi totalmente nua, as figuras que marcavam o seu corpo me assustavam.
                        -Vamos – disse Ana.
                        -Se formos pegos seremos expulsos – disse Paulo, uma forma de fazer pressão, ele sabia que não desistiríamos, a vida para cada um de nós não tinha significação futura, a vida era vivida no presente, só as pessoas velhas pensam no futuro, o jovem é uma tradução inexorável do agora.
                        Carla tomou a iniciativa e correu para porta, entusiasta do cinema de qualidade disse:
                        -Viver com medo é viver pela metade – disse Carla fazendo a citação do filme australiano Vem Dançar Comigo, correu para a porta, a chave magnética trazida por Paulo serviu perfeitamente.
                        O laboratório era luxuoso, tinha os melhores equipamentos que já vi na vida, seis computadores , um microscópio eletrônico, vários equipamentos para uma bioquímica de ponta, além de parecer por dentro maior que por fora.
                        -Que sem graça – disse Ana – é só um laboratório, nem uma pesquisa do médico monstro, chato mesmo, acho que devemos ir embora, estamos nos arriscando por nada – disse mexendo nos papéis sobre a mesa.
                        Ouvimos um barulho que parece um rugido.
                        -Você está de brincadeira – disse Paulo – ele tem um cachorro aqui dentro, mas aonde? - ao falar olhava em todas as direções.
                        Novamente ouvimos o rugido, agora mais forte, depois uma pancada contra o metal, depois outra, Carla apontou para o chão.
                        -Está aqui embaixo – disse – tem algum animal preso embaixo dos nossos pés - disse sorrindo –isso está ficando interessante, será que ele faz pesquisa com animais e pelo barulho ou pela força não é um cachorro.
                        Ana lia a pesquisa sobre a mesa e disse.
                        -É uma pesquisa sobre envelhecimento, parece que o animal ai embaixo dura mais que o ser humano, suas células parecem ter um código genético feito para durar duzentos anos.
                        -Quantos anos? - perguntou Carla.
                        -Duzentos – repetiu Ana.
                        -Só se uma tartaruga aprendeu a latir – disse Paulo – porque cachorro, lobo ou urso vive menos que isso.
                        Todo chão era coberto com um carpete, Olhei para o carpete e olhei para Paulo.
                        -Gente ai não, isso é depredar patrimônio publico federal – disse Ana.
                        -Quem tá na chuva tem que se molhar – disse Paulo puxando o carpete, para sua surpresa ele descolou de uma vez, mostrando um chão inteiramente feito de vidro o que dava visibilidade integral para uma espécie de porão onde estava a criatura.
                        -Uau! – foi Paulo que gritou – valeu a pena roubar a chave.
                        Nesse momento eu fiquei paralisado, a criatura tinha dois metros de altura no mínimo, prezas e orelha de lobo, mas a face parecia ter um tipo de expressão humana, o corpo era coberto de pelos, se o senhor não viu em algum filme delegado posso lhe dizer aquele animal foi à figura mais parecida com um lobisomem que eu já vi na vida.”.
                        O delegado esboçou um sorriso.
                        -Sei que é Maluco, mas o professor pode confirmar tudo.
                        -Continue a sua narrativa David – disse o delegado.
                        “Ana ficou de cócoras bem próximo da cabeça do lobisomem, foi extraordinário ver a criatura de olhos vermelhos nos pés de Ana, assim ela pareceu uma deusa, por um instante ele ficou parado, quieto, como se observando Ana. Delegado, ficamos parados em silencio, inclusive a criatura por eternos trinta segundos, todos nós estávamos fascinados por aquela figura animal, mas Ana ficou maravilhada e esticou a mão para tocar o vidro, assustado o animal deu um pulo forte e vigoroso, parecia ter usado toda a sua força, o impacto no vidro foi tremendo, parecia que fez consciente, tentando acertar Ana, que desequilibrou caiu e bateu a cabeça em alguma coisa, uma espécie de alavanca.
                        Preocupados com ela, pois a pancada a deixou desacordada, não percebemos que a alavanca abria a porta de vidro, devagar, tentamos puxar a alavanca de volta, mas a pancada que a alavanca recebeu entortou e não conseguíamos fechar, horrorizados percebemos que a besta de alguma forma pensava, ela foi para o canto esperar a porta de vidro abrir, que tipo de bicho pode conjugar comportamentos calculistas com violência extrema, até aquele momento achei que só o homo sapiens conseguia, de alguma forma a criatura  agia dessa maneira, ela já sabia que o vidro abria lentamente, consciente queria nos pegar, em minutos estaríamos mortos.
                        -Vamos embora – gritava Paulo, pois a criatura já havia passado o braço pela pequena abertura, logo estaria livre.
                        -Não podemos deixar Ana aqui – disse Carla ao mesmo tempo tentava levantar Ana que estava desacordada – aquele animal vai fazer Ana em pedaços.
                        -Não temos escolha – disse, sinceramente, não conseguiríamos escapar e salvar Ana, deixando ela para trás vamos atrasar a criatura.
                        Um dilema moral, eu sei, mas quem pode ser herói com uma fera daquelas, só nos quadrinhos é que existem heróis, aqui na vida real herói bom é herói morto, com dor no coração deixamos Ana, eu escutei o lobisomem estraçalhando Ana com suas garras, mas ninguém teve coragem de olhar para trás.”
                        David limpou as lagrimas e o delegado falou.
                        -Não achamos nada dela inteiro apenas pedaços, no instituto medico legal recebeu o corpo e ficou estarrecido, ninguém viu isso, gente com mais de vinte anos de experiência, mas continue.
                        “Saímos correndo pela porta da frente, duas da manhã, não havia ninguém no campus, chorávamos em uma mistura de emoção e medo, corria em direção à saída, o portão principal, não olhamos para trás, como a vida sempre para frente.
                        A criatura era mais rápida, parou na frente de Carla, como disse antes a criatura parecia ter um tipo de inteligência, olhou para a tatuagem no ombro, as lagrimas escorriam no rosto de Carla e desfazia a maquiagem, ela estava a poucos segundo da morte,Paulo e eu estávamos escondidos, com medo nada podíamos fazer.
                        O animal enfiou de uma vez a garra no ombro esmagando o braço de Carla, depois partiu a sua cabeça, como se fosse de isopor, a garra gigante cruzou o corpo da ela Carla de forma transversal partindo o que sobrou em três pedaços.
                         Paulo chorava compulsivamente, gritava algumas coisas sobre o professor que eu não entendia, então sai de perto dele com medo que a fera ouvisse aquela choradeira,
A criatura ouviu o barulho e, com dois saltos alcançou Paulo, mordeu o seu pescoço até a sua cabeça deslocasse do corpo e rolasse pela grama.
                        Certamente eu seria o próximo, virou o troco gigante na minha direção, veloz, jamais vi animal algum correr daquele jeito, gelado de medo fiquei parado.
                        Ela ficou bem na minha frente, pude sentir o seu hálito, seu cheiro podre, a sua dor, uma raiva que não poderia definir aqui, raiva do ser humano, raiva da natureza.
                        Estava de olhos fechados esperando a morte quando escutei o tiro – à bala, provavelmente de prata, acertou o animal, depois que a criatura caiu por atrás dele o professor segurava um rifle, e é isso o meu relato termina ai.”
                        -Onde está esse animal? - perguntou o delegado.
                        David parecia indeciso.
                        -Entrei em choque, acordei no hospital – disse olhando para o delegado com olhos firme de sinceridade.
                        -Está bem, vou liberar você, aguardaremos a chegada do professor ele tem que confirmar a sua historia e temos que achar essa criatura.
                        O professor chegou minutos depois, estava suado como sempre, seu óculo, usava um terno e suspensórios alem de uma gravata borboleta só visto por David em filmes.
                        -Esse garoto está bem – disse o professor.
                        O delegado explicou que precisava do depoimento e que depois David voltaria para o hospital. Mas o próprio David se adiantou e disse que estava bem, agradeceu ao professor que confirmou toda a história, um funcionário do governo estava junto, pediram descrição ao delegado.
                        -Certo – o telefone do delegado tocou, era o secretário de segurança, delegado parecia não gostar das palavras, desligou o telefone e disse – vocês estão livres para ir, o caso agora é da policia federal.
                        Depois que saíram o delegado começou a rir pensando na história do lobisomem quando Dalton um dos policiais civis entrou e lhe entregou o papel.
                        -E a cavalaria está sempre atrasada – disse o delegado sarcástico, jogando os papéis na mesa já sem interesse.
                        O policial um homem careca barrigudo na faixa dos quarenta anos disse.
                        -Dê uma olhada na lista de alunos.
                        -Pra que?
                        - Tem nenhum David na lista, mas a foto que aparece é de outra pessoa.
                        Quando o delegado levantou para ver melhor a lista, homens armados encapuzado chegaram atirando, um tiro de fuzil acertou a região frontal do delegado e outro acertou o policial na nuca, todos o resto da delegacia foi morta.
                        Um dos encapuzados tirou o capuz quando o professor entrou.
                        -Porque demorou tanto? - perguntou o professor.
                        -Você acha que é fácil conseguir liberação para um merda dessas, isso quase chegou ao nível da presidência – ele era alto e tinha um bigode – quem deu a chave para os garotos?
                        - Eu mesmo confiei demais no garoto, sai com ele duas vezes, não conseguia resistir, sabe como são esses garotos bonitos, danado roubou a minha chave reserva – parece que o professor não era tão dedicado à ciência como nosso falso David pensava, tinha um relacionamento escondido com Paulo, foi o que pensou o homem do governo que chegou logo depois da ação do esquadrão especial, ele havia monitorizado todo o interrogatório, lamentava pela morte do delegado, mas era por um bem maior: a ciência.
                        -Agora estão todos mortos – disse o representando do governo – se você tem alguma consciência, o que eu duvido, a culpa é sua – o Homem olhou o delegado morto – era um bom policial, o garoto contou a verdade, nessas horas a verdade é tão absurda que prendeu a atenção e deu tempo de conseguirmos autorização para essa – ele fez um gesto de desprezo – essa coisa, causada pelos seus namoricos, eu espero que tenha valido a pena. Aliás, namoricos proibidos, vai ter que segurar a sua libido até o final da primeira etapa da pesquisa. Outra coisa, eu  espero que tenha levado o menino para a jaula e avisado a ele qualquer deslize as queridas irmãs, todas as seis, morrem, assim como os seus sobrinhos – o homem, de cabelos brancos, terno preto caro e face carcomida esfregou as mãos – o menino é inteligente, contou uma historia e tanto aqui. O corpo do verdadeiro David foi incinerado, lidaremos com a família dele, reforçaremos a segurança.
                        O professor estava de cabeça baixa, pensou.
                        'Se não fosse os meus conhecimentos agora estaria morto. Mas a pesquisa deve continuar.”
FIM

autor

JJ DE SOUZA

LICENCIADO, TAMBÉM POSTADO RL
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